13.1.14

Escárnios do meu ser I


Esfolo-me. Atiro-me contra a parede repleta de vidros e espelhos e tudo mais que retrata esta atrocidade. Não há sangue que pingue, não há dor que se sinta. 

Ouço ao longe a voz resoluta de Jim. Cala-te, não fales. Escuta o silêncio. A morte está perto, peço-te desesperadamente que não a afastes. 

Olhos cegos e gastos. Secos, horríveis. Lábios gretados. Cordas vocais inúteis que se recusam a lutar. Ouvidos que anseiam pelo fim. Volto a empurrar o meu peito contra a parede e sinto arrepios. Os teus arrepios. Os arrepios que me fazem deitar lágrimas secas e gritar para que me comprem a alma. Átomos gargalham da minha figura. 
Renego-me e escarneço permanentemente esta profícua existência. 

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