3.1.14

Fogo e Noite


Aconteceu... E por me teres feito cego, recordo o sabor da tua pele e o calor de uma tela que pintámos sem pensar. Ninguém perdeu, enquanto o ar cego. Despidos de passados, talvez de lados errados, conseguiste me encontrar. 
Foi dança, foram coros de aço entre trastes de guitarras que esqueceram amarras e se amaram sem mostrar. 
Foi fogo que nos encontrou sozinhos. Queimou a noite em volta. Presos entre chama à solta, presos feitos para soltar.
Estava escrito. E o mundo só quis virar a página que um dia se fez pesada.
E o suor que escorria no ar. E o calor dos teus lábios, inocentes mas sábios... No segredo do luar.
Não vai acabar. Vamos ter sempre paixão, vamos ter sempre o olhar onde não há ninguém. Dei-te demais! Valeu a pena voar...
Estava escrito. E a noite veio acordar a guerra dos sentidos travada no céu.
Nem por um segundo largo a mão da perfeição do teu desenho e do teu gesto no meu. 
Foi como um sopro estranho... Aconteceu...
Eras noite em mim. És fogo em mim. Eras noite em mim.

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