7.7.13

Noites esquecidas, gestos esquecidos e palavras recordadas


Ela nunca gostou desse teu jeito desprezível de comparares os outros a ela. Ela disse-to centenas de vezes, enquanto as andorinhas voavam para um lugar mais aprazível que o teu coração e quando a Primavera voltava elas regressavam com esta... Aí tu tornavas a apaixonar-te pela idealização da rapariga que não existia. Não entendes, pois não? Ela odeia comparações. 
Ela continua a tomar café de manhã e às onze da noite para ficar acordada a ler palavras ditas por alguém que em tempos foi alguém. Agora é um mero fantasma que lhe lê os contos que ninguém lhe leu em criança. Ela continua a embebedar-se aos sábado à noite e recordar os palavras ditas de madrugada sob o efeito dessa dormência de mente. No resto dos dias volta a ser marioneta do seu pensamentos ignóbil e a caminhar daquele jeito só seu. Daquele jeito que... Tu conheces. Durante os fragmentos de tempo em que sentes o coração a palpitar dentro do teu peito moldado pelas tristezas da vivência descontrolada tu vê-la como um anjo. E recusas-te a tomar atenção à realidade destrutiva. Para ti ela é como uma flor que de dia é controlada pela mente dos escritores e à noite retira deles o poder necessário e é a pessoa que sonha ser. É a rapariga que sonha casar num vestido branco, é a rapariga que quer ficar isolada atrás de um bar e redescobrir o mundo, mas tu não compreendes, não é? Estás como que colado a essa tua existência apática repleta de comparações.
Vou-te dizer uma coisa: ela odeia comparações, mas metáforas já é outra coisa.

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