5.6.14

Contraperguntas


Por vezes olho para  as pétalas murchas que ela traz no cabelo e pergunto-me. Por vezes olho para as pupilas dilatadas e questiono-me. Por vezes reparo nas pessoas que a fitam e indago-me. 
Porque traímos?
Porque mentimos?
Porque lutamos?
Porque atiramos pedras àqueles que admiramos?
Porque desprezamos aqueles que nos fazem felizes?
Porque matamos? 

Por vezes dou por mim a conviver numa bola de sabão onde todos agem do modo que odeiam e conformam-se com as circunstâncias. Usam eufemismos e hipérboles para a dor ser mais pequenina. Mas a dor continua lá! Oferecem desculpas como caridade, mas esquecem-se que a protagonista da peça é a mentira. Não procuram razões nem justificações por preguiça de se levantarem se abrir os olhos. Desejam mil coisas simultaneamente, mas perdem tudo porque desprezaram a ganância e ela voltou para os assombrar. 
Por vezes dou por mim a viver numa caixa de cartão gasta, por entre germes que trocam a felicidade com o oposto e consideram que possuir problemas em vez de conforto é melhor. Esquecem-que que somente existe uma caixa e inventam curas para as vossas demências. 
Por vezes dou por mim, mas não me encontro. 

1 comentário:

Blackbird disse...

Por vezes também me faço algumas perguntas desse género...