31.5.13

Rés do Esquecimeto


Tenho uma pequena ideia de que foste tu que me tiraste tudo. Quando o meu mundo começou, usaste as tuas palavras frenéticas e palpitantes neste coração frágil. Eram lindas... Tinhas uma rebelião boémia que me fazia saltar o coração do sítio e com a tua carícia ele afastava-se ainda mais viajando até aos corais do Pacífico. Construías uma moldura à volta da minha vida que floreava orquídeas violetas. Eu adorava orquídeas. Este rectângulo de oiro que a rodeava era mais duro que o teu próprio coração e por isso os ciprestes floriam. 
Somos ambos dois anjos que vagueiam perdidamente pelo mato do Inferno e procuram uma saída até à mansão do Satanás. Mas a nossa vida parece que se irá prolongar por entre estas árvores estranhas. Estranha-se e depois entranha-se, dizem eles. Tu bem sabes que nunca entranhei nada porque soava a demasiada falsidade. Mas mesmo assim tu conseguiste tirar o pouco que eu acaba por entranhar. Já não existem feitiços ou bruxedos capazes de me tirar o que tu tiraste. Permanecerei no esquecimento infinito até me devolveres o que deixaste algures no Céu. Então e aquelas palavras frenéticas e palpitantes que me assaltavam o coração violentamente para onde foram?
Olha, sabes que mais? Odeio quando personalizam o coração. 

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